Quem disserta pode ser comparado a um jornalista que esteja preparando matéria in loco sobre uma anunciada tempestade tropical.
Ora, se ele entrar no olho do furacão, não terá condições de observar o fenômeno da natureza a distância nem de avaliar as suas medidas; com isso, a qualidade do seu trabalho estará comprometida.
Você, como dissertante, da mesma forma, deve afastar-se do tema da Questão de Redação para poder analisá-lo de forma bem criteriosa e isenta de paixões e vícios de raciocínio.
A função referencial da linguagem, por estar centrada no contexto, coíbe os personalismos, inibe os exageros de quem escreve e contribui para o equilíbrio do texto. Por isso mesmo é a mais indicada para as dissertações.
Portanto, não se emocione nem se apaixone pelo assunto sobre o qual você esteja dissertando.
Ainda mais, fuja dos exageros e seja preciso em todos os seus enunciados.
Não significa dizer que os posicionamentos críticos devam ser mornos, frouxos; muito pelo contrário, devem primar pela firmeza da linguagem (sem perder a elegância!), já que a lassidão só desmerece a argumentação e mina o poder de convencimento do texto.
Evite excessos como o do seguinte exemplo: Os políticos são uns canalhas que só se preocupam em locupletar-se. Papuda neles!
Observe os exageros do período lido:
- nem todos os políticos prevaricam no exercício de seus mandatos (a generalização tem sido um vício de raciocínio dos mais comuns em redações).
- chamar indistintamente todos os políticos de canalhas é um despropósito, pois não cabe a quem disserta julgar esse mérito.
- a palavra canalhas, pelo valor pejorativo que assumiu, aponta para um posicionamento no mínimo deselegante do autor, o que de longe é interessante em textos dissertativos.
- Papuda, como você deve saber, é um complexo penitenciário localizado no entorno do Distrito Federal. Ora, não diz respeito a quem disserta chegar a esse nível de agressividade, pois somente à Justiça cabe julgar quem deva ou não ser recolhido à prisão pelos atos cometidos.
Corrigindo: Há homens públicos que não merecem a representatividade delegada pelo povo quando buscam o enriquecimento ilícito. Justiça é o que se pede.
Agora é treinar, treinar e…treinar!